Olá minhas queridas amigas de FM (e aos amigos também) e as que não são de FM mas que me acompanham...
Hoje não vou postar nenhuma descoberta, nenhuma novidade.
Vou postar sobre como estou driblando a FM e como estou conseguindo dominar "amiga inseparável" que me atormenta dia e noite.
Há quatro meses, quando não tive outra opção a não ser retornar ao meu trabalho, fiquei apavorada. Não sabia como meu corpo reagiria à nova rotina. Estava acostumada a ficar em casa e só saía para médicos e terapias.
Logo na primeira semana tive uma crise em pleno expediente. As dores vieram com força total e tive que tomar meu remedinho SOS para conseguir me mexer.
Na semana seguinte, não consegui controlar as dores e tive que ficar quatro dias sem ir trabalhar para me recuperar.
Na terceira semana, nova crise, em pleno expediente. E começou o desespero. Como fazer isso parar?? Eu preciso trabalhar.
Não posso me dar ao luxo de pedir demissão, porque ninguém vive de brisa não é?
Eu tenho um filho ainda estudando (fazendo faculdade, para meu orgulho) e eu
preciso do meu salário para manter a casa. Como sou sozinha, nós dois dependemos de mim para nosso sustento.
Além disso, tenho minha mãe com idade avançada e por conta de sérios danos na coluna está proibida pelos médicos de fazer qualquer esforço e de andar sozinha.
Isso significa que depende de mim para tudo, porque sou a que mora ao lado dela.
Então comecei a refletir... E muito.... Muito mesmo...
E encherguei que eu só declinei das minhas forças e da minha vontade de viver, justamente porque fui diagnosticada de fibromialgia.
Isso mesmo... EU DEIXEI A FIBROMIALGIA TOMAR CONTA DE MIM.
Resolvi então reverter o quadro.
Poxa, dor é dor... Dói mas não mata... Limita mas não deforma. Desanima e deprime justamente porque nos disseram que é “PARA SEMPRE – SEM CURA”
Ora bolas, ninguém gosta de saber que vai ter dor a vida toda... Sem chance de cura. E isso derruba a gente. Coloca a gente em uma posição de vítima da sorte.
Mas eu resolvi mudar tudo isso.
Imaginei se ao invés de FM, fosse um câncer. Eu lutaria pela vida, lógico!!!
Imaginei se ao invés da FM, eu tivesse ficado paralítica, eu me apegaria a todas as possibilidades de locomoção, seria cadeirante!!!
Imaginei se ao invés da FM, eu tivesse ficado totalmente inerte em uma cama, dependendo de todos para tudo, aí o que eu faria?? Talvez pedisse a Deus para me levar porque, sinceramente, isso não é vida!!
E dei graças a Deus, porque eu tenho apenas FM.
Isso mesmo. Eu agradeci minha saúde física. Agradeci minhas pernas e meus braços, agradeci porque acordo todo dia e mesmo com dor, posso me levantar.
Dor?? Sim tenho... Muitas dores, o corpo todo dói. Dia e noite.
Mas eu resolvi não dar muita atenção às dores.
Elas não vão me impedir de viver não.
Acho que nem me lembro mais como era antes de sentir dor. Não me lembro o que é não sentir dor. Mas me lembro muito bem de quem eu era.
Eu era uma pessoa feliz. De bem com a vida. Gostava de sorrir e de fazer bagunça feito criança. Brincava com todos. Era o ombro amigo dos que precisavam.
E o que aconteceu comigo? EU ME DEIXEI MORRER!!!!
Por causa de um diagnóstico, eu me matei. Matei aquela pessoa alegre que existia e tranquei meu corpo dentro de casa.
Me transformei em uma pessoa amarga, deprimida, sem ilusões e passei a pensar só em dor, em doença, em fracasso, em uma chata de galocha.
E foi essa pessoa que teve que voltar a trabalhar. De mau humor, rancorosa, me sentindo a última das pessoas.
Mas esse retorno ao trabalho me trouxe à vida novamente.
Eu descobri que posso conviver com a dor. Aumentei a dosagem dos remédios para a dor, mas por outro lado, parei de tomar remédio para a depressão.
Eu estou recuperando minha auto-estima.
Estou me sentindo viva. Estou vendo gente. Falando com gente. Interagindo.
E isso está me fazendo um bem enorme para a alma.
Aquela pessoa que eu matei, está ressuscitando. Estou sentindo que estou voltando.
E cada dia acontece uma coisinha pra me mostrar isso.
Semana passada, tive que ajudar um rapaz na rua. Um desconhecido.
Haviam
muitas pessoas ao redor dele, mas ele estendeu a mão para mim. Pediu minha ajuda. Ele estava passando mal e quase desmaiou ali, na minha frente.
A primeira coisa que pensei foi: Não posso ajudar, tenho FM. Mas depois me dei conta que se a gente pensar na dor dos outros e focar menos na nossa, tudo fica tão mais fácil.
Não me lembro de ter sentido dor naquele instante. Foquei no rapaz ali, pálido, desfalecendo e esticando a mão pra mim... Justo pra mim... Esqueci tudo e fui socorrer.
Olha, isso me fez um bem enorme. Ele nem sabe o quanto foi ele quem me ajudou.
Ele me agradeceu timidamente, mas sou eu quem tem muito que agradecer. Eu consegui. Fui capaz de estender minha mão. Fui capaz de esquecer de mim e pensar que existem pessoas que precisam de mim.
No meu trabalho também. Não sou insubstituível, se eu sair, em seguida contratarão alguém pro meu lugar. Mas enquanto eu estiver ali, serei útil, formarei parte de uma equipe. Serei alguém produtivo.
E minha conclusão foi esta: A FM é real, ela dói demais da conta, mas a gente precisa encontrar uma maneira de driblar ela. A gente precisa focar em outras coisas.
A gente precisa encontrar um ponto de equilíbrio para deixar de ser uma pessoa melancólica e triste para ser uma pessoa de bem com a vida apesar das dores.
Eu continuo sentindo dores. Levantar da cama as vezes me desanima, mas logo eu penso que eu preciso fazer isso para viver bem.
De noite, o cansaço é incontrolável e eu me deito e durmo sem remédio pra dormir, porque passei o dia inteiro me movimentando.
Tem dias que o astral baixa, mas eu procuro pensar em coisas positivas. Procuro pensar em como é bom sorrir, viver, dançar, e principalmente voltar a ser FELIZ !!!
Espero que cada uma de vocês consiga encontrar seu ponto de equilíbrio.
E que mesmo apesar das dores, consigam driblar essa coisinha chamada FM.
Nossa força não está nos músculos, está no cérebro.
Cheguei a conclusão que basta querer. Seu eu quero eu posso.
EU QUERO SUPLANTAR MINHAS DORES, PORQUE EU QUERO VOLTAR A SER EU!!!!!
Então eu POSSO!!!
Beijos !!